As 3 principais ameaças de burla que quebram mais do que o seu banco - alerta Jake Emry

Não começa com um esquema. Começa com esperança.
Uma vida melhor. Uma segunda oportunidade. Uma ligação. Uma vitória. É isso que as vítimas procuram - não riquezas ou imprudência.
E é isso que torna as burlas tão devastadoras.

Porque quando a verdade chega - que o amor não era real, o investimento era falso, a voz ao telefone não era a sua filha - a dor não é apenas financeira. É pessoal. É profunda.

Combater as burlas e o estigma: Uma dupla missão

Na Global Anti-Scam Alliance (GASA) e na ScamAdviser, não nos limitamos a seguir as burlas. Ouvimos as vítimas. Vemos o que é deixado para trás: vergonha, silêncio, colapso emocional.

Por isso, sim, lutamos contra as burlas - mas também lutamos contra o estigma. Porque as burlas não se limitam a esvaziar carteiras. Eles esvaziam a confiança. Nos outros. Nas instituições. Em nós próprios. E deixam as pessoas mental e emocionalmente destroçadas.

A prevenção é essencial, mas também o é a assistência pós-crime. As vítimas precisam de mais do que avisos: Precisam de aconselhamento, comunidade e compaixão.

A recuperação pós-roubo deve ser holística, combinando soluções técnicas com cuidados emocionais. Uma linha direta ou um reembolso não são suficientes quando as vítimas estão a lidar com traumas, traições e perda de confiança em si próprias.

As 3 principais ameaças de burla que precisa de conhecer

Neste momento, há três fraudes que estão a causar os maiores danos. São convincentes. Estão a evoluir. E estão em todo o lado.

1. Golpes de investimento - especialmente em criptografia

Os golpistas prosperam na incerteza económica. Quando o futuro parece instável, um "ganho rápido" começa a parecer uma tábua de salvação. E as criptomoedas são o isco perfeito.

Criminosos - de todo o mundo - estão a explorar este desejo de ganhar vantagem. Os consumidores não caem em golpes de criptomoedas porque são imprudentes. Caem porque têm esperança. Porque estão a tentar sustentar as suas famílias.

Mas sejamos claros: a única coisa que é rápida nestes esquemas é o desaparecimento do seu dinheiro.

E não pára por aí. Já vi pessoas entrarem numa espiral depois de perderem as poupanças de uma vida. Não perdem apenas dinheiro - perdem confiança, segurança e paz de espírito. É por isso que temos de começar a associar as protecções técnicas à recuperação emocional. As vítimas merecem ter acesso a recursos de saúde mental, e não apenas a um julgamento do tipo "Devia ter percebido melhor".

2. Fraudes românticas - e a ascensão do "golpe do porco

A confiança é a base de qualquer relacionamento. Mas nas aplicações de encontros e nas redes sociais, essa confiança está a ser transformada numa arma.

As fraudes românticas são devastadoras. Mas quando eles evoluem para o que agora é chamado de "Pig Butchering" - onde o amor falso é usado para direcionar as vítimas para falsos investimentos em criptografia - o dano se torna catastrófico.

As vítimas são "engordadas" emocionalmente com afeto e atenção, para depois serem esventradas financeiramente.

O que é que torna isto pior? As plataformas que hospedam essas interações geralmente têm proteções muito inconsistentes. Algumas actuam. Outras não. Outras não fazem nada. Quando as vítimas se apercebem do que aconteceu, é demasiado tarde - e não há rede de segurança.

Temos de deixar de tratar estas plataformas como partes neutras. O facto de não implementarem as devidas salvaguardas tem consequências reais.

3. Fraudes de falsificação de identidade alimentadas por IA

Esta é de arrepiar.

Com a IA generativa, os burlões podem agora imitar vozes, rostos e estilos de escrita - assustadoramente bem. Já vi pessoalmente vozes geradas por IA convencerem profissionais a transferir grandes somas de dinheiro ou a partilhar credenciais.

Um telefonema do seu filho a pedir ajuda. Um vídeo do seu chefe a pedir-lhe para transferir fundos. Já não é ficção científica. Já cá está.

Sim, a tecnologia tem utilizações positivas. Mas os autores de fraudes estão muito à frente das salvaguardas. Tendo trabalhado de perto com equipas de resposta a fraudes na linha da frente, vi como até mesmo profissionais experientes podem ser vítimas de fraudes geradas por IA.

Temos de compreender que esta não é uma ameaça do futuro. É a realidade de hoje.

Por que esses golpes funcionam: A manipulação emocional é o cerne

Os golpistas não vencem porque são mais espertos que nós. Eles ganham porque são mais inteligentes que nós.
Eles sabem como explorar as emoções: medo, urgência, amor e ganância.

Nós ensinamos às pessoas como são os golpes. Mas não passamos tempo suficiente a ensinar como é que os golpes se sentem.

Aqui está a mudança de que precisamos: Não apenas suspeita, mas hesitação. Aquela pausa deliberada quando algo parece demasiado bom, demasiado urgente ou demasiado estranho.

Esse momento, mesmo que seja de cinco segundos, pode quebrar o feitiço emocional com que os burlões contam.

A educação não deve apenas informar, deve treinar-nos para reconhecer a manipulação emocional em tempo real. Ensinar os consumidores a fazer uma pausa é como dar-lhes um sistema de alarme interno, não apenas uma lista de verificação.

A regra de ouro para travar a maioria das burlas

Se a pessoa que lhe está a pedir dinheiro não estiver mesmo à sua frente, como é que pode olhá-la nos olhos? Abrandar, ou fazer uma simples pausa, pode ajudar muito a evitar uma burla em curso, bem como a consciencializar o consumidor para evitar uma burla mais tarde.

Digo isto a amigos, familiares e estranhos nos aeroportos. É simples, mas é poderoso. E funciona.

Os burlões prosperam com o impulso emocional. Abrandar a velocidade interrompe todo o seu plano de ação.

Sinais de alerta: O que lhe pode estar a escapar

A má gramática costumava ser o padrão de ouro para detetar fraudes - mas sejamos honestos, já vi coisas piores no meu grupo de conversação familiar. Hoje em dia, os burlões são mais astutos e as linhas são mais ténues.

Uma mensagem estranha de um amigo? Pode ser uma burla - ou apenas o seu primo a enviar um mau meme. A chave é o contexto e o momento.

Se algo parecer "inesperado", ou se o atingir rapidamente com pressão emocional, essa é a sua bandeira vermelha.

Não tem de parecer suspeito - só tem de parecer estranho.

A verificação deve ser simples - não uma missão de apoio técnico

Costumamos dizer às pessoas: "Verifique antes de confiar." E esse é um bom conselho - até esperarmos que elas façam perícia digital na hora.

A maioria dos consumidores não é especialista em cibersegurança. Não podemos esperar que eles inspeccionem cabeçalhos, rastreiem IPs ou analisem metadados em pânico.

É por isso que eu recomendo o Quick Check do Scamadviser . É gratuito, rápido e fácil de utilizar. É possível verificar sites, números de telefone, endereços criptográficos e dados bancários em segundos.

Quando a prevenção de fraudes é fácil, as pessoas usam-na. E quando as pessoas a utilizam, ficam mais seguras.

A verdade final: pode acontecer a qualquer pessoa

E aqui está o que precisamos de repetir - mais alto:
Pode acontecer-lhe a si.

Pode ser inteligente, cauteloso e conhecedor de tecnologia - e ainda assim cair numa fraude. Não porque seja estúpido, mas porque é humano.

Os burlões exploram as melhores partes de nós: esperança, confiança, ligação. Por isso, se algo parecer errado, faça uma pausa. Não se apresse. Pergunte a alguém. Use uma ferramenta. Respire fundo.

E se já tiver sido burlado? Fale. Obtenha apoio. Não está sozinho - e não tem culpa.

A única pessoa que deve sentir-se envergonhada é aquela que tentou tirar-lhe algo.